quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Homenagem ao poeta!



"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade".

Carlos Drummond de Andrade 

31 de outubro - Dia D - 109 anos do maior poeta brasileiro

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Clipe-Propaganda ou Propaganda-Clipe?

Será que os Asteroids pegaram o comercial da Heineken e fizeram um clipe ou a Heineken pegou o clipe do The Asteroids e fez um comercial?


    Na verdade, a música "Golden Age" foi regravada pela banda dinamarquesa especialmente para a campanha da cerveja, que patrocina a copa da UEFA, entre outros campeonatos esportivos, além de ser a nova queridinha de Hollywood, aparecendo mais que Coca Cola nos filmes, como se pode conferir exaustivamente em longas como "O noivo da minha melhor amiga".

 
 
    Apesar de ser uma campanha publicitária, o clipe The Asteroids Galaxy Tour promoveu a banda e se tornou hit na web. Tanto que o sexteto participou do Rock in Rio, já no primeiro dia, agitando o público do palco Sunset ao lado da banda portuguesa The Gift
O grupo, formado em 2008, faz um rock alternativo baseado no soul inglês da década de 1960 e é uma grande "garota propaganda" da Heineken.


    A peça foi criada pela agência holandesa Wieden + Kennedy, e, segundo site oficial da Heineken (www.heinekenbrasil.com.br) a ideia era mostrar um suposto herói que chega a uma festa e encontra pelo caminho diversas personagens inusitadas, que de supostos inimigos, como um lutador de kung fu, um pirata e um personagem de filme de faroeste, se mostram camaradas do sujeito que faz grandes peripécias de gente cool até chegar ao palco e começar a tocar uma flauta com o The Ateroids, a música Golden Age, trilha de toda a peça.
    Resumindo, "The Golden Age" é um filme publicitário; uma propaganda que virou clipe, ou que sempre intencionou ser as duas coisas, sem que fosse possível distinguir o que realmente é.

Salve ao Rock In Rio do Brasil!

Vi algumas apresentações do Rock In Rio e de um modo geral gostei do que encontrei. As bandas brasileiras foram um espetáculo à parte. Pitty, Detonautas, Capital Inicial, Titãs, Paralamas, Jota Quest e Skank, (para falar do que assisti) fizeram jus ao público diário de 100 mil pessoas, muito mais do que algumas atrações internacionais. Dinho Ouro Preto parecia um adolescente fazendo seu primeiro show. Uma atitude que achei incrível para um cara que tem tantos anos de estrada.

Joss Stone, sempre impecável, conquistou com certeza mais alguns milhares de fãs. Merceia ter se apresentado no Palco Mundo, ao contrário de Ke$ha, que até agora não entendi o que veio fazer aqui.
O Coldplay foi, como sempre, maravilhoso. Cantando todos os grandes hits, produziu uma das plateias mais animadas do festival. O Slipknot, mesmo não sendo de um gênero que eu costumo apreciar, realizou uma ótima apresentação. Shakira foi a artista internacional mais animada e mostrou ao público que realmente estava feliz por estar ali. Rihanna foi muito criticada, mas gostei do show. Não me pareceu antipática como disseram alguns críticos.

O momento mais marcante, na minha opinião, foi a apresentação da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) com artistas brasileiros fazendo uma homenagem linda e merecida a Renato Russo e à Legião Urbana. O coro de "Pais e Filhos" entrará, com certeza, para os grandes momentos do Rock In Rio. 


O Brasil mereceu ter de volta este festival. Vale a pena esperar por 2013.

Confira a apresentação da OSB, Legião Urbana e convidados na íntegra:


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Enquanto isso na greve dos correios...

Correios: Em greve há 22 dias


Sobre a greve nos correios brasileiros, 
o líder dos carteiros, Jaiminho, diz: 
"Queremos evitar a fadiga!"

















terça-feira, 27 de setembro de 2011

R.E.M: A História, o Rock e a Sátira com o Jornalismo



            O R.E.M chegou ao fim e deixou milhões de fãs órfãos. 
        Após uma gloriosa carreira que durou 30 anos, a banda liderada por Michael Stipe resolveu pendurar as chuteiras. Ou melhor, as guitarras melódicas. E fizeram bem. Em uma era dominada pelas bandas e cantoras coloridas, o melhor a se fazer é parar, sem correr o risco de ser lembrada como uma banda que estava em atividade durante a geração Emo. 
           O R.E.M, entretanto, transcende gerações. O trio começou nos anos 80, no auge do rock underground, com bandas que, em sua grande maioria não existem mais, mas que até hoje são lembradas por legiões. Passaram intactos pelos anos 1990 e pela explosão pop, que continuou nos anos 2000 dividindo espaço com o R&B. 
         A banda não lançou nada surpreendente nos últimos anos e encerrou a carreira no topo, sem conhecer a decadência e vão levar dos fãs a imensa gratidão de terem lhes apresentado trilhas como "Man on the Moon", Everybody Hurts (de arrepiar), a super feliz "Shiny Happy People", além do marco "Losing my religion", como descreve o estudante de letras da Universidade de São Paulo, Bruno Araujo: "Tivemos muita sorte com a música. Era muito diferente do que é agora. 'Losing my religion' mudou muito a minha vida", relata. Araujo não é o único. Ver pela primeira vez o clipe de Losing My Religion na MTV causava impacto em qualquer adolescente que estava se definindo na música e na vida.
        A criatividade dos clipes, aliás, era outra marca da banda. "Shine Happy People" é capaz de melhorar o humor de qualquer pessoa. E nem o jornalismo ficou de fora. "Bad Day" é uma paródia muito bem feita do mundo da imprensa televisiva. E como tem tudo a ver com o blog, ele segue para você conferir! Uma singela homenagem ao R.E.M e aos fãs.
          Fica claro que, o que o que o R.E.M fez pela música em toda sua trajetória, vai entrar para a história do Rock e  ficar por mais alguns 30 anos, sem nenhuma dúvida. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

40 MOTIVOS PARA VOCÊ SE CASAR COM UM JORNALISTA


Tua vida sempre será uma correria, jamais uma mesmice.

1. Jornalista geralmente é criativo, ele vai surpreender você quando menos esperar;
2. São curiosos e antenados, você sempre ficará por dentro de tudo que acontece;
3. Eles não ganham bem, mas corrrem o mundo e, além disso, vocês podem aprender a economizar dinheiro;
4. No Natal, Ano Novo, Carnaval… eles provavelmente estarão em algum resort  ou em algum lugar paradisíaco;
5. Adoram trabalhar e trabalhando muito, eles não têm tempo para perder tempo de se interessar por gente desinteressante;
6. Eles não são bons de matemática, mal sabem somar e subtrair; mas, para que saber isso se são os mestres da escrita?;
7. Acostumados com pautas, são bem organizados e planejam bem as coisas antes de fazê-las;
8. Como é fissurado por fontes, quando você tiver uma ótima ideia, ele não vai dizer aos amigos que foi coisa da cabeça dele. Dará todas as honras para você!;
9. Como vivem numa rotina corrida, não tem muito tempo para opinar nas coisas da casa. O que você fizer, ele vai achar lindo;
10. Tudo é um grande brainstorm (tempestade de ideias). Monotonia não vai entrar na sua casa!;
11. Quando vocês brigarem, ele não vai achar que a opinião dele é a melhor. Tem que ouvir todos os lados de um fato, ele saberá analisar a situação!;
12. Em coberturas de grandes eventos, você poderá entrar de gaiato. Cada final de semana em um lugar diferente: jogos de futebol, avenida de escola de samba, lançamento de livros…;
13. Mantêm revistas e jornais no banheiro. Você nunca ficará olhando para o vácuo enquanto faz suas necessidades fisiológicas. Ganhará conhecimento!;
14. Idolatram pessoas totalmente desconhecidas (o seu Zé, a Dona Maria, o Juquinha…) Todos com ótimas histórias de vida que vocês podem usar no cotidiano também para se tornarem pessoas melhores!;
15. Não vai faltar café na sua casa. Café e jornalista são praticamente sinônimos;
16. Ele pode escrever os votos matrimoniais da sua irmã, criar o conteúdo do site de negócios do seu pai, ensinar sua mãe a tirar fotos das amigas nos eventos do bairro. Ele aprende de tudo um pouco e gosta de compartilhar!;
17. Tudo para o jornalista tem uma explicação. Eles nunca vão se contentar com a primeira versão de um fato. Você sempre terá uma resposta, mesmo que demore;
18. São ótimos investigadores. Se alguém no trabalho passar a perna em você, rapidinho ele descobre quem é!;
19. Como trabalham muito, não tem tempo para beber demais, fumar, se envolver com drogas… Você terá um companheiro saudável!;
20. Tá bom, vai… eles não costumam comer coisas muito saudáveis. Mas se você for legal e fazer comida para ele levar ao trabalho, isso se resolve rapidinho, não é? =);
21. Suas viagens nunca serão monótonas! Se acontecer qualquer movimento estranho, ele vai logo querer saber o que é e infiltrará você junto para desvendar o problema;
22. Amam roupas leves e simples no dia a dia. Você não vai gastar muito dinheiro com isso;
23. Mas também sabem se arrumar bonitinhos para os eventos. Você terá um parceiro que sabe ser simples, mas também sabe arrasar. Tudo vai depender da ocasião;
24. A agenda é o seu melhor amigo.. Mas, não fique com ciúmes! Pense pelo lado positivo, nunca vai esquecer nenhuma data importante, porque tudo fica rigorosamente descrito lá;
25. Eles não ficam irritados com “nãos”, afinal, estão acostumados com assessorias de imprensa que não querem divulgar os bafões. Você não terá um companheiro irritado, mas, em compensação ele não vai desistir até conseguir o que quer. Mas só de não se grosso já vale, não é!?;
26. Como são antenados, também sempre ficam sabendo das novidades tecnológicas primeiro. Às vezes, até ganham de presente para testar a ferramenta. Você terá tudo em primeira mão na sua casa;
27. Eles não se importam com calor, chuva, trovões… afinal, precisam estar onde a notícia está! Você poderá ir na praia com 50 graus tranqüila ou aquela viagem dos sonhos pode se tornar um pesadelo no caos de São Paulo que ele não vai blasfemar. Ainda vai dar risada da situação;
28. Acham que podem salvar o mundo com uma matéria. Olha que sensibilidade!;
29. Eles sempre sabem tudo todo o tempo;
30. Gostam de música para acalmar;
31. Leem livros raros, histórias para crianças e semiótica… Seus filhos serão super dotados se depender dele;
32. Sua vida social é infinitamente grande. Você nunca poderá reclamar que não conhece gente nova;
33. Eles estão acostumados com coisas chatas e sabem contorná-las muito bem. O casamento nunca vai virar algo monótono;
34. Eles gostam de camisas com estampas de alguma brincadeira sobre algo atual. Suas amigas vão ficar com inveja do seu companheiro inteligente;
35. Eles sempre têm uma opinião sobre qualquer coisa na face da Terra. Durante uma conversa entre amigos, vocês nunca ficarão apagados;
36. A maioria gosta de virar psicólogo, técnico de futebol e médico às vezes. Você terá um companheiro mil e uma utilidades;
37. Por causa da profissão, são forçados a aprender mais de um idioma. Você vai ouvir “Eu te amo” em, pelo menos, umas três línguas diferentes;
38. A primeira coisa que seu filho vai aprender é que a informação é a alma do negócio. Com dois anos, sua fofurinha vai saber o que é aquecimento global, mercado financeiro e já saberá criticar políticos;
39. Gostam de mudar de cidade, estado e até de país. Você conhecerá muitos lugares!;
40. Assistem documentários e vão a museus o tempo todo, não importa o que seja. Ô cultura!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vídeo da Semana

A cantora britânica Adele é o novo fenômeno da música internacional. Seu single "Rolling In The deep" é sucesso nas rádios de todo o mundo. Vencedora de muitos prêmios da música, entre eles o VMA e  dois Grammy Awards de "Artista Revelação" e "Melhor Vocal Pop Feminino", a artista de 23 anos vem conquistando, cada vez mais, um público cativo que gosta de música pop de qualidade e sem conotações apelativas. 
As músicas, de composição da cantora, revelam um lado passional de quem encontrou na música uma maneira de superar o fim de seus relacionamentos. Vale muito a pena conferir nossa música da semana com Adele, Rolling in the Deep!



Amando incondicionalmente 
Há uma chama acendendo no meu coração
Chegando num ponto de febre, está me tirando da escuridão
Finalmente eu posso vê-lo claro como um cristal
Vá em frente e me abandone, eu aguentarei suas merdas

Veja como eu o deixo com cada pedaço seu
Não subestime as coisas que eu vou fazer
Há uma chama acendendo no meu coração
Chegando num ponto de febre
E está me tirando da escuridão

As cicatrizes do teu amor me fazem lembrar de nós
Me fazem pensar que nós tinhamos quase tudo
As cicatrizes de seu amor me deixam sem fôlego
Eu não consigo evitar a sensação

Nós poderíamos ter tido tudo
Amando incondicionalmente*
Você teve meu coração na palma de sua mão
E você brincou com ele
De acordo a batida

Querido, não tenho nenhuma história a ser contada
Mas ouvi uma das suas
E eu vou fazer a sua cabeça queimar
Pense em mim nas profundezas do seu desespero
Criando um lar lá em baixo
Já que as minhas não serão compartilhadas

As cicatrizes do teu amor me faz lembrar de nós
Me fazem pensar que nós tinhamos quase tudo
As cicatrizes de seu amor me deixam sem fôlego
Eu não consigo evitar a sensação

Nós poderíamos ter tido tudo
Amando incondicionalmente*
Você teve meu coração na palma de sua mão
E você brincou com ele
De acordo a batida

Nós poderíamos ter tido tudo
Amando incondicionalmente*
Você teve meu coração na palma de sua mão
Mas você brincou com ele
Com a batida

Jogue sua alma em cada porta aberta
Conte suas bênçãos para encontrar o que procura
Transformou minha tristeza em ouro precioso
Você me paga de volta em bondade e colhe aquilo que semeou
Nós poderíamos ter tido tudo
Nós poderíamos ter tido tudo
Tudo, tudo tudo,

Nós poderíamos ter tido tudo
Amando incondicionalmente*
Você teve meu coração na palma de sua mão
E você brincou com ele
De acordo a batida

Nós poderíamos ter tido tudo
Amando incondicionalmente*
Você teve meu coração na palma de sua mão
Mas você brincou com ele
De acordo a batida


*Rolling in the deep = Alguém que está experimentando profundamente amor puro, passional, incondicional

Albert Szent-Gyorgyi recebe homenagem do Google


Nesta sexta-feira, dia 16 de setembro, o cientista húngaro, naturalizado norte-americano, Albert Szent-Gyorgyi, completaria 118 anos.  Para homenageá-lo, a Google criou uma logo especial em sua página com desenhos de laranjas e morangos.
Albert Szent-Gyorgyi é importantíssimo não somente na ciência, como também na vidade todos os cidadãos de forma geral, por mais que muitos não saibam quem ele seja ou o que fez para ser tão importante. Ele desenvolveu pesquisas durante anos sobre respiração celular.
Estudando as células, Albert Szent-Gyorgyi descobriu uma substância que veio a ser denominada, mais tarde, como ácido ascórbico e observou também, que esta substância detinha uma atividade contra o escorbuto. O cientista recebeu o Prêmio de Fisiologia e Medicina de 1973 após descobrir e documentar a vitamina C como catalisador.
Em 1956 conseguiu cidadania norte-americana e nos Estados Unidos realizou pesquisas sobre o câncer. Albert Szent-Gyorgyi faleceu em 22 de outubro de 1986 deixando um legado de pesquisas e descobertas importantes para toda a humanidade.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Correspondente de guerra: a rotina da cobertura no front

Por Lilia Diniz em 15/09/2011 na edição 659 (Observatório da Imprensa)


Uma aura de glamour acompanha o trabalho de correspondente de guerra desde que o primeiro jornalista foi enviado a um campo de batalha para relatar seus horrores. Na guerra da Criméia, em 1854, William Howard Russel, do jornal The Times, mandava seus despachos via telégrafo. Um século e meio depois, as notícias se propagam em tempo real. E mesmo quem não é jornalista profissional pode ser convertido em porta-voz de informações.

Trabalhar em zonas conflagradas para mostrar ao mundo as atrocidades de um conflito armado é encarado como o lado mais romântico da profissão, mas o cotidiano daqueles que estão no front é bem diferente. O correspondente de guerra ganha fama e visibilidade, no entanto, a rotina é dura e os perigos, constantes. O Observatório da Imprensa exibido ao vivo pela TV Brasil na terça-feira (13/09) discutiu o encanto que esta atividade exerce no cidadão comum e entre os jovens jornalistas.

Alberto Dines recebeu três jornalistas com larga experiência em cobertura de conflitos. Em São Paulo, oObservatório contou com a presença de Leão Serva e Samy Adghirni. Professor e escritor, Serva foi correspondente na Bósnia, Angola, Somália e Kuait. Trabalhou na Folha de S.Paulo, criou o site Último Segundo e foi o responsável pela recente mudança editorial do jornal Diário de S. Paulo. Adghirni é repórter da editoria Mundo da Folha de S.Paulo. Especialista em assuntos de Oriente Médio e política externa, passou parte deste ano cobrindo a Primavera Árabe. Esteve no Egito, na Tunísia e na Líbia. Já esteve no Irã, Iraque, Iêmen, Israel e outros países. No Rio de Janeiro, o convidado foi Antonio Scorza, fotógrafo da Agência France Presse há vinte e cinco anos. Scorza cobriu inúmeras rebeliões, eleições, posses presidenciais na América Latina, entre outros eventos.

Em editorial, Dines avaliou que a grande quantidade de conflitos bélicos e a facilidade para cobri-los levou à ilusão de que “o correspondente de guerra é o único que na redação tem oportunidade para viver grandes aventuras e bravuras”. Para ele, a defesa da sociedade contra o narcotráfico pode exigir mais bravura do que o campo de batalha. “Pouco adianta mostrar ao público tanques em chamas, guerreiros correndo com armas na mão, metralhadoras pipocando, jatos em voos rasantes, feridos pedindo ajuda, mães chorando. O leitor, ouvinte ou telespectador, antes de tudo, quer saber por que os homens estão se matando em vez de sentar para negociar. Cobrir guerras não é o lado mais empolgante do jornalismo. Explicar contenciosos e, sobretudo, não alimentar rancores é missão muito mais heroica. E só jornalistas podem desempenhá-la”, sublinhou o jornalista.

Guerras cotidianas

A reportagem produzida pelo Observatório mostrou a opinião de jornalistas que atuam nesta área. Para o correspondente Silio Boccanera, que já cobriu seis conflitos, não há glamour em coberturas de guerra. O risco nesta situação não é muito maior do que a cobertura da violência urbana e o narcotráfico nas grandes cidades brasileiras. “Em uma guerra, é claro, os jornalistas enfrentam calibres mais elevados. Mas, que diferença faz morrer sob um bombardeio aéreo do que com um tiro de 45? ‘Coragem para fazer a cobertura de guerra’, é o que dizem as pessoas. Na verdade, a palavra que descreve melhor a situação é medo porque quem não sente medo não faz o trabalho direito em uma cobertura de guerra. É o que dá a distância, a dimensão entre o que é possível fazer e o que não passa de imprudência”, avaliou Boccanera.

Os “louros” em um campo de batalha costumam ir para os repórteres que assinam as matérias e “botam a cara no vídeo”, mas, na opinião de Boccanera, devem ir para os cinegrafistas e fotógrafos. “Eles, sim, não podem ficar mandando notícias longe da ação, no conforto de um hotel, usando um laptop. São eles que têm que chegar perto dos tiros, dos combates. E só assim conseguem as imagens que correm o mundo. A eles, portanto, todo o crédito que merecem como verdadeiros correspondentes de guerra”.

Para a correspondente Deborah Berlinck, a cobertura de guerra é sempre arriscada, mas o risco pode ser calculado. Fotógrafos e cinegrafistas são considerados “kamikazes” porque precisam estar no front. “Se jogam em um tanque junto com os beligerantes, acompanham a ação e, praticamente, lutam sem armas”, detalhou. Com a experiência de quem cobriu vários conflitos, Deborah ressaltou que há limites na busca pela notícia. “Um jornalista morto não serve para grande coisa. O grande desafio da cobertura de uma guerra é você conseguir sobreviver para contar tudo o que viu”.

Rotina árdua

A logística da cobertura da guerra não é glamourosa. Na recente cobertura do conflito na Líbia, a jornalista passou cerca de duas semanas tomando banho com garrafas de água mineral em uma região onde a temperatura beirava os 40 graus. E, por ser mulher em um país de maioria muçulmana, precisava cobrir os braços e a cabeça. “A cobertura de uma guerra é sempre fascinante, mas não é uma cobertura para amadores”, sublinhou Deborah.

Há algumas semanas, Diego Escosteguy, repórter da revista Época, viveu momentos de grande perigo. O jornalista estava em Trípoli, na Líbia, quando as forças rebeldes tomaram o poder. “O jornalista, neste momento, como era o meu caso, se tornam um civil. Ele pode ser atingido tanto por uma bomba da OTAN, quanto por tiros do Kadaffi, quanto por rajadas dos rebeldes”, explicou. O jornalista ponderou que a parte mais dura da cobertura é acompanhar o sofrimento da população civil. “Se existe algo que prescinde de quixotismo e de romantismo, é uma situação de guerra”, disse o correspondente.

Os filmes e livros de ficção, na opinião do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, costumam mostrar o correspondente de guerra como uma figura heróica, mas, na prática, é uma atividade sacrificada. “As pessoas são obrigadas a passar por situações de extremo desconforto e muitas vezes de grande perigo, inclusive com risco de perder a vida. Eu acho que muita gente idealiza a condição de correspondente de guerra quando, de fato, ela é uma atividade bastante difícil de ser exercida”, ponderou.

Entre grades

Andrei Netto, repórter de O Estado de S.Paulo, ficou preso na Líbia, incomunicável, por mais de uma semana. O jornalista contou que o momento da prisão foi assustador. “Cerca de seis horas depois da prisão, nós fomos levados à unidade de serviço secreto líbio e teve início um novo momento, que durou oito dias. Foram momentos muito angustiantes porque eu estava incomunicável e amigos, família, colegas e trabalho pensaram o pior, que eu podia ter morrido durante a cobertura”. O correspondente era ameaçado de morte constantemente.

No debate ao vivo, Dines comentou que os jornais investem altas somas de dinheiro para enviar correspondentes aos locais de conflito, mas, no dia a dia, a cobertura internacional tem espaço limitado nos jornais. Para Leão Serva, há um forte aspecto de marketing ao enviar correspondentes para o front. “Custa muito dinheiro, mas dá também muita repercussão. Faz bem ao jornal tem um correspondente, um enviado especial em um conflito que está no centro das atenções”, destacou.

Em momentos críticos, falta contextualização maior dos fatos, na opinião de Serva. No recente conflito na Líbia, por exemplo, a imprensa tratou o caso com maniqueísmo, opondo o “ditador” Kadaffi aos “libertários”, quando, na verdade, o conflito era mais complexo porque envolve a unificação de três países diferentes. “Isso não apareceu na cobertura da mídia brasileira com a frequência que deveria”, criticou o jornalista.

O trabalho em meio ao caos

Na avaliação de Antonio Scorza, a mística da atividade está “nos olhos de quem vê” porque, na prática, o trabalho é árduo. “Não existe glamour na guerra. Existe o perigo constante, existem injustiças pulando em seus olhos o tempo todo, existe você ver a morte acontecendo. E existe o instinto de sobrevivência porque você foi voluntário, mas tem que voltar vivo porque não há matéria que valha uma vida. E, se você não volta vivo, também não conta a história”, disse Scorza.

O correspondente da France Presse contou que, durante o trabalho no Iraque, buscou registrar não só as cenas bélicas, como também o cotidiano de um país invadido. “Eles mantinham o mercado funcionando, o artesão continuava fazendo as suas peças de cobre. Os soldados passando e tendo uma influência política e sendo os novos donos do país. E no meio de uma cidade onde você via os cabos de telefone soltos na rua, os tanques de guerra americanos passando por cima das calçadas e mulheres com crianças pulando porque não se respeitava nada e os buracos feitos pelas bombas nos edifícios. Só este cenário é muito violento”, relembrou.

Para Samy Adghirni, é importante haver um equilíbrio entre o tempo que o correspondente fica na redação, monitorando o trabalho das agências de notícias e das redes de televisão à distância, e o trabalho no campo de batalha. Sem este acompanhamento, o jornalista chega ao front com pouca base para interpretar os acontecimentos com profundidade. “Essas ferramentas teóricas têm que ser transformadas em produção de reportagem sob tensão, em um clima hostil, em um ambiente muito perigoso. Eu conheci, ao longo destas coberturas, gente que está há 20, 30 anos nesse tipo de cobertura de conflitos. Gente que não tem base. Eu tenho uma base, que é São Paulo”, sublinhou Adghirni. Enquanto está na redação, o jornalista produz reportagens mais analíticas. “É muito importante a gente poder ver de perto essas coberturas porque, infelizmente, no jornalismo brasileiro não é uma tradição ter sempre alguém no front”, avaliou.

Outros olhares

Adghirni vê com otimismo o fato de não só a chamada grande mídia brasileira enviar profissionais para a cobertura de guerra. Cada vez mais jornais regionais e canais de televisão de menor porte investem em enviar profissionais para os conflitos. “Nada substitui o olhar do jornalista in loco”, defendeu o repórter. Adghirni contou que grandes redes de TV e agências de notícias, como Al Jazeera, CNN e Reuters, chegam aos locais conflagrados com equipes de até 20 profissionais e levam “malas” de dinheiro para ser investido na cobertura. Como não é possível competir com esta estrutura, o olhar dos correspondentes brasileiros deve procurar uma linha de raciocínio diferenciada para trazer informações exclusivas.

Dines perguntou como evitar que possíveis empatias com um dos lados do conflito afetem o trabalho de um correspondente de guerra. Leão Serva disse que há uma natural simpatia pelas vítimas civis. “É também uma forma de denunciar os males em qualquer conflito armado. Em relação às partes envolvidas na guerra, esse é, de fato, o principal desafio do jornalismo. Porque, invariavelmente, não se trata de um maniqueísmo de mocinho contra bandido”, ponderou. O jornalista observou que, muitas vezes, a imprensa brasileira adota este viés na cobertura
.

A Velha Guerra

Luiz Fernando Veríssimo


Goethe teve um romance passageiro com a Revolução Francesa, que liberou mais demônios do que ele estava disposto a aceitar. Vem daí sua famosa declaração de que preferia a injustiça à desordem. Goya foi um entusiasta de primeira hora de Napoleão, mas horrorizou-se com as atrocidades da guerra na Espanha, que retratou com ácido e asco na sua série de gravuras Desastres de la Guerra. Acabou desencantado também.

Mas o desencanto de Goethe e Goya não é o mesmo dos que lamentaram o fim da velha ordem, para os quais a Revolução Francesa significou não a derrota do despotismo e da injustiça, mas um crime contra a natureza do homem.


Confundir ordem e normalidade com seus próprios privilégios é um velho hábito de castas dominantes. Na literatura da contrarrevolução, tão vasta e influente quanto a literatura da revolução, o que aconteceu na França dos Bourbons foi uma segunda Queda do Homem, uma segunda perda do Paraíso. Só quem tinha vivido antes da revolução – outra frase famosa – conhecia as delícias da vida. Delícias que incluíam não apenas os privilégios do absolutismo, mas do mundo como ele devia ser, com todas as suas injustiças naturais.

A Revolução Russa também provocou dois tipos de reação, a do desencanto com seus excessos e descaminhos depois da empolgação inicial, como o de Goethe e Goya com a Revolução Francesa, e a dos que a condenaram desde o princípio como antinatural. E também provocou dois tipos de literatura. Se todos os que acham que liberdade, fraternidade e igualdade é um slogan ainda aproveitável são filhos da antiga retórica da revolução, os reacionários de hoje são filhos da antiga retórica da restauração, mesmo que o vocabulário tenha mudado. Para estes, o fracasso do comunismo soviético na prática representou o fim do ideal iluminista e a recuperação do homem natural.


A celebração do “bom senso” neoliberal contra a “falácia da compaixão”, como a descreveu alguém, significa mais um triunfo reacionário na velha guerra. E estamos de volta ao delicioso paraíso do egoísmo sem culpa e das injustiças naturais sem remédio.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cavalo Branco



A princesa se encontrava
Envolvida pelo pranto
Ela tanto suspirava
Que quebrou todo o encanto

O seu príncipe encantado
Que sofrera um feitiço
Vinha em um cavalo branco
"Que tamanho desperdício!"

"Essa coisa de cavalo
Já não é mais do meu tempo!"
E a princesa no embalo
Foi correndo contra o vento

E o príncipe perdido
Sem saber o que fazer
Foi atrás da princesinha
Tinha medo de perder
.
A princesa tão rebelde
E o príncipe audaz
Agora curtem punk rock
Pelas ruas lá do Brás

Em um carro conversível
Mil cavalos, tudo mais
Um romance bem possível
E moderno até demais